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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

NATAL - O SAPATEIRO DE MARSELHA

          
        O Sapateiro - Ricardina Silva

  O SAPATEIRO DE MARSELHA           
(Baseado no conto Russo de Leo Tolstoi, escrito por volta de 1850.) 

Personagens:-o sapateiro Martin;
                      - um varredor;
                      - mulher com um filho;
                      - um velho
                      - voz oculta;
                      - narrador.

QUADRO ÚNICO

NARRADOR: Esta é uma história de Natal. Uma história que se passa em Marselha, na França, onde vivia o velho Martin, um pobre sapateiro, muito honrado e querido por todos.
(Martin entra em cena. O cenário representa uma pequena oficina de sapateiro, que serve também, para economia de palco, de dormitório para Martin)

NARRADOR: Certa vez, na véspera de Natal, sentado em sua pequena oficina, um homem se recordava da narrativa bíblica da visita que os magos fizeram ao pequeno Jesus e das oferendas que eles lhe trouxeram, como prova de sua adoração e de seu amor por ele. O velho Martin estava muito impressionado com aquela história e dizia consigo mesmo:

MARTIN: Se amanhã fosse o primeiro Natal e se o menino Jesus nascesse aqui em Marselha esta noite, eu sei o que lhe daria. Não tenho como aqueles magos, nem ouro, nem incenso, nem mirra. O que possuo são apenas sapatos. (Levanta-se e retira de uma prateleira alguns sapatos, gira nas mãos) Sim, que é que um pobre sapateiro poderia dar, senão sapatos? E eu, com todo o prazer, ofereceria ao menino Jesus estes, que são os melhores que já fiz em minha vida.

NARRADOR: (Enquanto Martin vai agindo conforme narrativa). Depois o velho Martin colocou os sapatos na estante, apagou a vela e foi deitar-se. Mal tinha acabado de fechar os olhos, pareceu-lhe ouvir uma voz que chamava:
                                                                                                                              
VOZ OCULTA: Martin! Martin!                                                                                       

NARRADOR: Martin ergueu a cabeça, surpreendido. A voz continuou:

VOZ OCULTA: Martin! Martin! Você gostaria de ver-me. Pois bem; amanhã passarei por sua porta. Se você me vir e me convidar a entrar, eu entrarei na sua casa e ficarei com você.

NARRADOR: Martin cheio de alegria, não dormiu o resto da noite. Antes de o sol raiar, já estava de pé, varrendo e arrumando a pequena oficina. Espanou os móveis, arrumou com muito gosto a mesa, colocou uma toalha branca, pão e uma jarra de mel, outra de leite e duas xícaras, deixando na cozinha o bule de chá, bem quentinho. Jesus prometera que passaria por sua casa e ele desejava acolhe-Lo da melhor maneira possível. Tomou também os sapatos e os colocou em um canto, depois de embrulha-lhos com todo o cuidado.
MARTIN: Quando Jesus chegar, tomará primeiro o chá, o leite e o mel comigo. Conversaremos algum tempo e depois quando ele for se retirar, darei estes sapatos a ele. Este aqui é para ele mesmo usar nas suas viagens, este outro é sobressalente, pois andando tanto quanto ele anda por este mundo de Deus, deve gastar muito calçado. Este é um sapato de criança. Não serve prá ele, na verdade, mas sei que ele gosta muito de crianças e talvez encontre alguma que precise e assim eu estarei ajudando a Jesus também.

NARRADOR: Depois Martin sentou-se à porta da oficina, vigiando os que passavam aguardando Jesus, pois não O conhecia de vista. Mas conforme a promessa feita pela voz, Jesus deveria passar por ali, e Martin estava certo de que alguma coisa, um gesto, uma palavra, haveria de mostra-lhe qual das pessoas que passariam seria ele. Longo tempo esteve ali olhando e examinando. De repente viu um pobre varredor de rua surgir, em pleno trabalho. Era inverno naquela época. O frio era grande e o varredor, enquanto movimentava a sua vassoura, tremia de frio. Martin com pena dele convidou o varredor:

MARTIN: Entre, meu amigo. Pare um pouco o seu serviço. Você deve estar fazendo esforços terríveis neste frio. Vamos tomar um pouco de chá bem quente.

NARRADOR: O homem agradecido aceitou o convite.
(O varredor entra na saleta de Martin, que lhe serve o chá. Enquanto o homem se refaz, Martin, olhando-o com interesse profissional, nota que ele tem os sapatos rotos, muito gastos. Acabando o chá, e quando o varredor ia se despedir, Martin falou)

MARTIN: Como você pode trabalhar, andando por quase toda a cidade, com estes sapatos? Eles não suportarão mais nem um dia de trabalho. Antes de chegar à noite você estará descalço. Olhe, hoje é prá mim um dia de grande alegria. Vou lhe dar um presente de sapateiro. (Abre um embrulho que anteriormente havia feito.) Tome este sapato. Leve-o como lembrança do nosso encontro.
(O varredor aceita o presente de Martin, agradece-lhe muito comovido e depois se retira)

NARRADOR: Uma hora depois, continuando a observar os que passavam, Martin viu uma pobre mulher ainda jovem, com um filhinho no colo. Ela veio muito devagar, e como quem estava muito cansada , parou, encostando  perto de uma porta próxima. O coração do sapateiro comoveu-se muito. Foi ao encontro da mulher e disse-lhe:

MARTIN: Senhora, entre um pouquinho na minha casa e descanse. Parece estar muito cansada e até doente. Entre por favor.

MULHER: (Entrando e sentando com o filhinho no colo) Sim, estou a caminho do Hospital e espero que ali encontre um atendimento para mim e meu filho. Meu marido é marinheiro. Está fazendo uma longa viagem .Há seis meses está fora de casa e eu estou sozinha na cidade. Além de não conhecer outras pessoas, ainda me encontro doente e quase sem dinheiro para as despesas.

MARTIN: (Enquanto vai servindo chá e pão com mel) A senhora precisa comer alguma coisa. Deixa-me servi-la. Um pouco de chá...pão com mel. Não me agradeça. Todos devem ajudar uns aos outros. Deixa-me preparar um pouco de leite para o menino... Ah! Que carinha linda ele tem! Mas porque não lhe colocou um sapatinho neste tempo tão frio? É capaz de adoecer também!

MULHER: Ah, Senhor! Como poderia comprar sapatinhos para o meu filho, se nem para comer temos dinheiro?

MARTIN: Então ele vai ganhar uns lindos sapatinhos que eu tenho aqui.

NARRADOR: ( Enquanto vai acontecendo a cena que ele descreve). Martin apanha o embrulho de sapatos. Nem pensa que aquele é o presente especial que havia reservado para Jesus. Seu pensamento único é ajudar aquele menino necessitado. Experimenta o sapatinho. Serve como uma luva. É como tivesse sido feito sob medida. A alegria e a gratidão daquela mãe é grande. Ela aperta a mão de Martin e retira agradecida. Martin a leva até a porta, sorridente também e acompanha com os olhos enquanto ela vai se afastando. Depois volta ao seu posto de observação. Algum tempo depois um velho todo encurvado vai passando com um saco de viagens às costas.

MARTIN: Oh, meu senhor, aonde vai tão cansado, neste dia tão frio?

VELHO: Ah, meu amigo! Estou de viagem para a vila onde moram os meus filhos. Hoje é aniversário de um dos meus netinhos e eu quero fazer-lhes uma surpresa. O caminho é muito ruim e a vila fica distante. Ainda tenho muito que andar.

MARTIN: Mas senhor, como você poderá suportar a viagem por essas estradas tão ruins assim descalço? Venha aqui. Eu tenho uns sapatos que posso dar-lhes. E leve também alguma coisa para comer na viagem.

NARRADOR           : E assim, o velho entra na oficina do sapateiro. Martin outra vez vai ao embrulho e oferece um dos pares de sapato, o último, ao velho. Como aconteceu com os sapatinhos do menino, estes também pareciam ter sido feitos sob encomenda. Depois, Martin entrega ao velho o resto do pão e do mel que estavam sobre a mesa. O velho comovido recebe estes presentes, que põe no saco de viagem. Depois retira-se.

VELHO: (retirando-se). Deus te abençoe, me filho!

NARRADOR: Martin, depois de acompanhar o velho até a porta, volta a sentar-se na sua cadeira. Mas, então, um pensamento lhe vem à memória. Já era tarde, o dia estava terminando. Jesus não podia de deixar de cumprir a sua promessa e, então, não deveria tardar. E agora, com que Martin haveria de recebê-lo? Pois se tudo que havia separado para oferecer a Jesus ele dera, sem pensar no que fazia, àquelas pobres pessoas que passaram por sua porta. O chá, o leite, o pão, o mel, os sapatos... Nada restara para dar a Jesus. Martin ficou aflito. Que diria Jesus quando chegasse de sua falta de hospitalidade? Poe a cabeça entre as mãos e começa pensar em voz alta.

MARTIN: E agora, como vai ser? Não tenho nada para oferecer a meu Senhor. Nem pão, nem leite, nem mel... o chá acabou... e dos sapatos que havia separado, os melhores que tinha, não resta mais nenhum. Ó Senhor, Senhor! Que mais te posso dar quando vieres?

NARRADOR: Nisso, Martin levanta a cabeça, espantado. Diante da porta vão passando algumas figuras conhecidas. (o varredor, a mulher e o velho, um de cada vez apresentando-se). Passam, olham-no sorrindo e falam: Não me reconheces Martin? Não estive contigo e não me recebeste? Era eu Martin...

NARRADOR: Martin está atônito, sem compreender. E outra vez a mesma voz que lhe falara na véspera disse ao sapateiro:

VOZ OCULTA: Aquele que recebe a um destes pequeninos em meu nome, a mim me recebe. Porque tive fome e me destes de comer; tive frio e me cobriste; estava necessitado e me socorreste. Quantas vezes a um destes fizeste bem, a mim também o fizeste.
                
NARRADOR: Deste modo se conta e termina a história de Natal do Sapateiro de Marselha – que nos ensina a amar e servir o próximo, a exemplo de Jesus, que se fez homem para nascer, viver e realizar a salvação no c

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